segunda-feira, 31 de março de 2014

IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DO CARMO

                                                                                   Monumentos e Edificações com Valor Cultural
                                                                                                                      Rosângela Maria Bezerra da Costa

6/100 Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo 


A Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo é provavelmente a construção mais antiga do Centro Histórico de Boa Vista, pois a presença dos padres Carmelitas no Rio Branco data de 1725. Quando os Beneditinos aqui chegaram em 1907 a Igreja era apenas um oratório meio pequeno, capela simples e necessitava urgente de uma reforma, pois a mesma ameaçava ruir. Nos Jornais do Rio Branco de 1914 a 1921 constam notas de uma ampla campanha em prol da Igreja Matriz. - Transcrito do Jornal do Rio Branco n.º 5 de abril e maio de 1917:     “A reforma da Igreja constou de: Construção do Atrium, a parte frontal foi rebaixada, foi elevada uma torre para o campanário (sinos) e ganhou uma sacristia”. Os beneditinos asseguram assim à antiga e primeira Igreja do Rio Branco, dando-lhe estilo germânico não encontrado na arquitetura do Amazônia.
Segundo Evelyn Wangh em seu relatório de 1934: “A Igreja Matriz, uma construção moderna, pintada com faixas horizontais amarelo e laranja, com molduras ornamentais de concreto, velhos sinos na torres e no seu interior, três altares suntuosos com portais adornados e véus bordados; os retábulos estavam esculpidos e havia estátuas altas em cores vivas, havia flores artificiais, candelabros reluzentes, bancos de madeira entalhados, uma fonte batismal com o nome dos maiores comerciantes de Boa Vista esculpido em grande letras...”.  Esta reforma foi realizada em 1929, pelo Reverendíssimo Dom Prior, Dom Odilon Munding que naquela época chefiava a missão com muita competência. A Igreja é revestida de pinturas em listras na parte externa e impressionista tipo marmorizado na parte interna conserva o piso em ladrilho português e no forro uma aquarela geométrica se assemelhando ao estilo mozarábico.


Depois da reforma a igreja ganha uma nova mobília toda em madeira – dois altares laterais, bancos e cadeiras para o celebrante, via sacra, pratarias vindas da Europa e as janelas foram substituídas por vitrais. Com o aumento da população a partir dos anos 60, a Igreja não atendia a demanda, então passa por uma nova reforma, agora com os Missionários da Consolata tendo a frente Dom José Nepote, a Igreja precisa de ser aumentar então eleva-se o atrium, a capela e a terra, desaparece os altares ficando apenas o altar da celebração, entre o sacerdote e o povo. As vias sacras são retiradas, a pintura é corrida e uma única cor o forro perde todas as suas pinturas e os vitrais são substituídos por janelas. Surgem os elementos de concreto e vazado e grande parte do piso é substituído por cimento queimado. Na década de 90 o forro de madeira que acompanhava o telhado é retirado e em seu lugar é colocado forro de P.V.C. Em 2003 a comunidade através do Padre Wanthuy começou a campanha de restauração e sonho da proximidade ao estilo germânico dos anos 20 embala o processo. Em 2005 o Ministério da Justiça e a Prefeitura Municipal de Boa Vista celebram entre si um convênio, cujo objeto é a reconstituição e revitalização da Igreja Matriz no tocante a sua arquitetura, com o objetivo de resgatar o estilo germânico deixado pelos o beneditinos nos anos 20 do século passado.  A igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo, restaurada e reconstituída, foi entregue pelo prefeito Iradilson Sampaio e pelo bispo Dom Roque Paloschi à população de Boa Vista e do Estado de Roraima na celebração dos 117 anos do município de Boa Vista, em 9 de julho de 2007.

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